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SE  VOCÊ  QUER  SABER...

                                        

      Se você quer saber se o seu namorado ou noivo dará um bom marido, observe o jeito que ele trata a sua mãe. Há marmanjos que crescem e se acham no direito de continuar recebendo gratuitamente todas as regalias da infância como casa, comida e roupa lavada sem nada oferecer em troca. Há mães e a maioria é assim, não se importam de dar tudo o que a criatura precisa para ser feliz, contanto que haja pelo menos respeito e gratidão no ambiente doméstico. Nada mais. Mas, nem sempre isso acontece. Há filhos que pensam que suas mães têm a obrigação de viver o resto de suas vidas em função deles, sendo empregadas o tempo todo para atender aos seus caprichos e sem o menor direito de se divertir. Exigem tudo a tempo e a hora, gritam e não dão o menor valor para aquela que lhes colocou no mundo. Muito cuidado, minha amiga, com esse tipo de homem. Geralmente, eles enganam muito. Na frente de gente, são uma coisa mas entre quatro paredes, a coisa muda de figura. São pessoas dissimuladas que têm habilidade para não deixar transparecer em público a sua verdadeira natureza bruta e cheia de maldade.

      Fique atenta para não cair nessa armadilha.  E se ele realmente tiver boas intenções, fará questão de  apresentar-lhe para a sua família, por mais que se trate de gente humilde e sem estudos. Se ele tiver algum valor como pessoa humana, sentirá orgulho de seus pais e da sua origem, mesmo que você não se sinta muito a vontade na presença deles. Se ele gosta de você de verdade, procurará ficar o máximo de tempo possível na sua companhia e não dará uma espiada no celular assim que você se afastar para ir até a cozinha buscar uma sobremesa. Gente decente não mente. Cuidado com as mentirinhas. Elas têm perna curta e você acaba percebendo uma aqui e outra ali por coisas insignificantes que não haveria necessidade de mentir. É preferível uma verdade que dói do que uma mentira que ilude.

      Nenhum relacionamento pode dar certo se houver fatos que precisam ser ocultados de um ou ambos os lados. É bom confiar mas toda confiança pode ser abalada se ele  subestimar-lhe a inteligência, exagerando nas desculpas por não poder passar mais tempo junto com você. Existem as prioridades. Espero que você seja para ele uma prioridade e não uma segunda ou última opção. Quando o cara é legal, não lhe esconderá dos amigos nem lhe tratará de maneira diferente em público. Não se comportará nas redes sociais como se fosse livre e desimpedido. Muito pelo contrário, mostrará respeito pela mulher que você é e pelos sentimentos que você tem demonstrado ao longo de todo o período de convivência.

      Não permita que ele altere a voz para você e jamais perdoe se ele levantar-lhe a mão, ainda que seja uma única vez porque na próxima, ele poderá bater-lhe ou fazer até algo pior. Com a convivência, a tendência é que se agravem os defeitos porque o tempo fará com que fiquem ainda mais transparentes. Por isso, exija agora o melhor tratamento que ele puder  oferecer-lhe. Mais tarde, a rotina se encarregará de deixar a relação meio monótona e sem graça.

      Veja se ele tem interesse pelos seus planos futuros e planeja ao seu lado as metas a serem alcançadas com o esforço e dedicação mútuas. Ou se ele só reclama e lhe apresenta problemas que dão dor de cabeça, abalando o clima entre os dois. O casal precisa conversar bastante e ter uma vida sem segredos porque uma casa onde se cria um clima de mistério e suspense gera desconfiança e descontentamento, o que poderá abalar as estruturas da boa convivência no adocicado ambiente do lar doce lar.

      O namoro, noivado ou seja lá qual for o tipo da união que vocês têm, serve para aparar as arestas, lapidar a pedra bruta e transformar dois corações num único diamante de verdade. Se você quer saber se dará certo, invista o seu tempo e o seu amor nesse ponto de luz que existe na grandiosidade do seu coração.

  Elisabeth Souza Ferreira

                                                     
        As pessoas mudam com o passar do tempo e com elas, os sentimentos também. As paixões terminam e o amor adormece quando, não raro, transforma-se apenas em carinho e lembranças alegres de um período que passou.
        Até mesmo a amizade passa por uma mudança quando a distância vai determinando outras experiências na vida de um e de outro porque já não mais haverá a cumplicidade e o compartilhamento de ideias e objetivos comuns. 
        Querendo ou não, as transformações ocorrem.
        Embalados pela ilusão de que as pessoas permanecerão sempre as mesmas, aguardamos décadas e décadas ansiosos por um reencontro, como se tudo fosse voltar a ser como era antes. Mas, não é isso que acontece.

 

        Vou citar dois exemplos do que vivi nesse sentido.
        Passei mais de dez anos afastada de uma amiga, muito embora ainda morássemos na mesma cidade. Havíamos tido uma ligação muito forte ao ponto de saber de longe quando ela estava bem ou não. Por problemas que não estava conseguindo superar numa fase difícil de sua vida, resolveu isolar-se de tudo como uma forma de defesa contra todos. Contudo, o destino quis que, por intermédio de terceiros, nos aproximássemos novamente. Fiquei muito feliz ao reencontrá-la porém, quanto a ela, pareceu nada sentir. Inicialmente achei que era por causa do choque inesperado de voltarmos a nos ver. Pouco a pouco, fui percebendo que se tratava de uma completa desconhecida para mim. Por fora, era a mesma mas a impressão que dava era de que havia outra alma dentro dela. Fria, indiferente, que não sorria e nem deixava os sentimentos , se é que existiam, transparecer. Fiquei decepcionada. Teria sido melhor continuar distante mas acreditando que ela estava feliz em algum lugar. Foi terrível constatar que havia morrido interiormente. Lembro-me de certa ocasião em que havia dado um telefonema a ela, movida pela saudade, só para saber como estava e ouvir a sua voz. Ela me atendeu como se fosse uma estranha, limitando-se a responder o estritamente necessário. Ela erguera um muro bem alto ao seu redor e não deixava ninguém se aproximar. Desisti depois de algum tempo porque vi que nada mais seria como antes. Foi uma mudança radical. Em mim, ficou a lembrança e o carinho. Nela, nada posso afirmar. 

 

        Na minha infância, conheci um casal estrangeiro que veio para Passo Fundo com três filhos menores. Um de 7 anos, outra de 8 e a mais velha de 10. Fomos muito próximos e acabamos perdendo o contato quando voltaram para o seu país de origem. Durante anos e anos fiquei imaginando como seria bom encontrá-los novamente. O tempo passou e não obtive nenhuma notícia a respeito deles. Recentemente, através do Facebook, consegui localizar os dois irmãos mais novos. Estão muito bem sucedidos. O pai deles ainda está vivo mas a mãe já faleceu há mais ou menos uns quatro anos. Minha amiga, que era a mais velha, não é mencionada por nenhum deles e nem faz parte de seus contatos. Eles nada comentam sobre ela. Resultado: eles não se lembram mais de mim. Eram muito pequenos e não têm a memória privilegiada que eu tenho. Graças a Deus, me lembro de tudo desde um ano e meio de vida. Posso ter esquecido o nome de alguns porém, a expressão de seus rostos, o tom de suas vozes, o que me disseram ou fizeram, eu não esqueci. Acho que é por isso que sou escritora. Um escritor vive de memórias e relata também não só o passado como os fatos que estão ocorrendo no aqui e no agora. Pois é, a vida é assim. Convivemos com pessoas e um dia elas partem ou nós seguimos em outra direção. Ficamos com elas somente o período que o carma nos exige. Nem mais nem menos. Portanto, por mais que doa em nosso coração, quando for chegada a hora de partir, não há nada a fazer a esse respeito. Não podemos prender ninguém. Os amigos e os amores não nos pertencem e se foram embora, não irão voltar. E, se voltarem, não serão mais os mesmos conosco. Estarão mudados e quase não os reconheceremos. E será preferível que não voltem, se for para voltarem mudados, a fim de que possamos guardar deles as lembranças mais carinhosas e uma saudade cheia de emoção.
                                   

      Elisabeth Souza Ferreira 

   MUDANÇAS

Homem, com, cesta
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